O
Crucifixo Bizantino de S. Damião
Foi por meio do Crucifixo de São Damião
que Jesus falou: "Francisco, reconstrói minha Igreja".
Um artista desconhecido, natural de Úmbria, pintou o crucifixo no século XXI.
Foi pintado num pano colado sobre madeira (nogueira). Tem 1,9m de altura, 1,2m
de largura e 12cm de espessura. O mais provável é que tenha sido pintado para
ser posto no altar da Igreja de São Damião.
Em 1251, as Clarissas deixaram a Igreja de São Damião e foram para a de São
Jorge, levando o crucifixo com elas. A cruz, cuidadosamente conservada por 700
anos, foi mostrado ao público pela primeira vez, na Semana Santa de 1957, sobre
o novo altar da Capela de São Jorge na Basílica de Santa Clara de Assis.
A FIGURA DO CRISTO
A figura central do ícone é o Cristo, não só por seu tamanho, mas também
por ser o Cristo a figura luminosa que domina a cena e transmite luz para as
demais figuras. "Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará
em trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8, 12). Os olhos de Jesus estão
abertos: Ele olha para o mundo que salvou. Ele vive e é eterno. A veste de
Jesus é um simples pano sobre o quadril - um símbolo tanto do Sumo Sacerdote
como de Vítima. O tórax e o pescoço são muito fortes. Atrás dos braços
esticados do Cristo está seu túmulo vazio, representado pelo rectângulo preto.
O
MEDALHÃO E O ESCRITO EMBAIXO
A ascensão é retractada no círculo
vermelho: Cristo está saindo dele segundo segurando uma cruz dourada que, agora
é, Seu símbolo de realeza. As vestimentas são douradas, símbolo de
majestade e vitória. A estola vermelha é um sinal de sua autoridade e
dignidade supremas exercidas no amor. Anjos lhe dão boas-vindas no Reino dos Céus.
IHS são as três primeiras letras do noem de Jesus em grego. NAZARÉ é o
Nazareno.
A
MÃO DO PAI
De dentro do semicírculo, na extremidade
mais alta da cruz, Ele, que nenhum olho viu, se revela numa benção. Esta benção
é dada pela mão direita de Deus, com o dedo estendido.
A
VIDEIRA MÍSTICA
Em torno da cruz, há ornamentos caligráficos
que podem significar a videira mística, "Eu sou a videira, vós os
ramos..." (Jo 15, 5), e faz relação com "ninguém tem maior amor do
que aquele que dá a sua vida por seus amigos" (Jo 15, 13). Na base da
cruz, há algo que parece ser uma pedra - o símbolo da Igreja. As conchas do
mar são símbolos de eternidade - um mistério, guardado no rosto e infinito
mar da eternidade, nos é revelado.
MARIA
E JOÃO
Como no evangelho de São João, Maria e João
são colocados lado a lado. O mando de Nossa Senhora é branco, significando vitória
(Ap 3, 5), purificação (Ap 7, 14) e boas obras (Ap 19, 8). As pedras preciosas
no manto dizem respeito às graças do Espírito Santo.
O vermelho escuro usado indica intenso amor, enquanto a veste interna na cor purpúrea
lembra a Arca da Aliança (Ex 26, 1-4). A mão esquerda de Maria está no rosto,
retractando a aceitação do amor de João, e sua mão direita aponta para João,
enquanto seus olhos proclamam a aceitação das palavras de Cristo: "Mulher,
eis aí teu filho" (Jo 19, 26). O sangue goteja em João neste
momento. O manto de João é cor de rosa que indica sabedoria eterna, enquanto
sua túnica é branca - pureza. Sua posição é entre Jesus e Maria, o discípulo
amado por ambos. Ele está olhando para Maria, aceitação as palavras de Jesus:
"Eis aí tua mãe" (Jo 19, 27).
NÚMEROS
Há 33 figuras no Ícone: duas imagens de
Cristo, 1 mão do Pai, 5 figuras maiores, 2 figuras menores, 14 anjos, 2 pessoas
desconhecido nas mãos de Jesus, 1 menino pequeno, 6 desconhecidos ao fundo da
Cruz e um galo. Há 33 cabeças em torno da cruz, dentro das conhas, e sete ao
redor da auréola.
AS
OUTRAS FIGURAS MAIORES
Maria Madalena:
Maria Madalena, que era considerada por Jesus de uma forma muito especial, está
junto à cruz. Sua mão está no queixo, indicando um segredo "Ele
ressuscitou". Sua veste tem cor escarlate, que simboliza amor, e seu manto
azul intensifica este símbolo.
Maria de Cleófas: Usa veste cor castanha, símbolo de humildade, e seu manto
verde claro - esperança. Sua admiração por Jesus é demonstrada no gesto de
suas mãos.
O Centurião de Cafarnaum: Ele segura, na mão esquerda, um pedaço de madeira
representado sua participação na construção da sinagoga (Lc 7, 1-10). As
crianças ao lado é o seus filhos curado por Jesus. AS três cabeças atrás do
menino mostram: "e creu tanto ele, como toda a sua casa" (Jo 19,
28-30). Tem três dedos estendidos, símbolo da Trindade, e os outros dois
fechados, simbolizando o mistério das duas naturezas de Jesus Cristo (divina e
humana). "Este homem era verdadeiramente o filho de Deus" (Mc 15, 39)
FIGURAS MENORES
Longinus: O soldado romano que feriu o lado
de Jesus com uma lança.
Estefânio: A tradição dá este nome ao soldado que ofereceu a Jesus uma
esponja encharcada com vinagre após Ele ter dito "tenho sede"
(Jo 19, 28-30)
OS
SANTOS DESCONHECIDOS
Embaixo dos pés de Jesus, há seis santos
desconhecidos que estudiosos afirmam ser São Damião, São Rufino, São Miguel,
São João Baptista, São Pedro e São Paulo, todos patronos de igrejas na área
de Assis. São Damião era o patrono da igreja que alojou a cruz e São Rufino,
o patrono de Assis. Essa parte da pintura está muito danificada e não permite
uma adequada identificação.
OS
ANJOS ATÔNICOS
Há dois grupos de anjos - animadamente
discutindo as cenas que se desenrolam diante deles.
"Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único,
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo
3, 16)
O SEPULCRO
Como foi mencionado anteriormente, atrás de
Cristo está o seu túmulo aberto. Cristo está vivo e venceu a morte. O
vermelho do amor supera o negro da morte.
Os gestos de mão indicam fé, a fé dos santos desconhecidos. Seriam Pedro e João
junto ao sepulcro vazio? (Jo 20, 3-9)
O GALO
Em primeiro lugar, a inclusão do galo
recorda a negação de Pedro, que depois chorou amargamente. Em segundo, o galo
proclama novo despertar do Cristo ressuscitado, Ele que é a verdadeira luz (1
Jo 2, 8). "Mas sobre vós que temei o meu nome, levantar-se-á o Sol de
Justiça que traz a salvação em seus raios" (Mt 3, 20)
O FORMATO DA CRUZ
O formato tradicional da cruz alterado para permitir
ao artista a inclusão de todos aqueles que participaram da paixão de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
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Texto preparado pelo Frei Jim Cronly, OFMCap - 1995
Frades Franciscanos Capuchinhos da Austrália
Tradução de Cid Roberto Alves
Extraido da Revista Cavaleiro da
Imaculada Outubro de 98